Depois de meses de luta, divulgação e uma
campanha feita com amor - conseguimos! O filme
O Renascimento do Parto veio até Pelotas, em duas sessões. Pouco, mas suficiente para um publico ávido que não aguentava mais esperar.
Se fosse pra resumir numa palavra, seria INTENSO.
Não há como ficar isento, o filme mexe com nossas emoções mais profundas, mais primitivas. Chorei já no primeiro minuto. É muito impressionante constatar que o parto se transformou mesmo num evento médico, centrado na figura do médico, onde o mesmo decide tudo, e a mulher apenas "obedece para o bem dela e do bebê". É revoltante o que está nas entrelinhas; que todas nós, mulheres modernas, temos algum "defeito" e não somos capazes de parir como nossas avós.
O atual indice assustador de 90% de cesarianas (em se tratando da rede particular) é, no mínimo, suspeito. Se cada uma tem sua justificativa médica, subtraindo as eletivas por comodismo descarado, então todas essas mulheres e seus respectivos bebês estariam condenados à morte se tivessem vivido há 50, 100 anos atrás??
Nossa, como chorei ao ver tantas mães sendo abatidas na mesa de cirurgia sem motivo nenhum e o pior: contra sua vontade! Tantas que sonharam em parir, que foram enganadas por seus médicos! Sim, pois quem opera uma mulher tendo como justificativa uma (ou duas, ou mais) circular de cordão está enganando a paciente.
Foram muitas as cenas que me chocaram. Como eu disse antes, não há como ficar indiferente. As emoções afloram realmente, em especial pra quem já passou pela experiência de um parto roubado.
Ao assistir o filme, me senti abraçada por tantas mulheres que passaram pela mesma situação. A cada depoimento, uma lágrima, um soluço, uma mágoa extravasada. A sensação devastadora de ter tido meu parto roubado. A tristeza por me dar conta de que, ao deixar a minha casa naquela madrugada de contrações ritmadas, eu minaria todas as minhas chances de ter um parto digno. A dor de conhecer os procedimentos aos quais meu bebê recém-nascido foi submetido.
O mais interessante foi que o filme retratou o lado de todos os personagens envolvidos: mães, médicos, doulas, parteiras. O que se constata é que, enquanto o parto for considerado um evento médico e não fisiológico, o problema vai persistir. Médico pra quem precisa de médico. Muitos partos podem ocorrer naturalmente sem intervenções. Não há justificativa para um número maior que 20% de cesarianas.
Deixei o cinema ainda mais convicta do que acredito, e agradeço de coração a oportunidade de ter assistido esse lindo filme. Ficou em mim a certeza de que não quero passar por essa vida sem viver a experiência de um parto respeitoso. Parabéns à produção por esse trabalho maravilhoso, ficou perfeito!
Aqui em Pelotas foi plantada uma sementinha. Tivemos publico na estréia do filme, inclusive mulheres que vieram de Rio Grande para prestigiar esse evento. Contamos com a presença de uma representante da Secretaria de Saúde do município. Uma idéia foi plantada e precisamos dar continuidade à campanha pelo parto humanizado. O parto é nosso! E a máfia da cesárea é apenas parte do problema.