Amando cada dia mais o meu gurizinho! Ser mãe é tudo de bom!

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O Renascimento do Parto, finalmente!

Depois de meses de luta, divulgação e uma campanha feita com amor - conseguimos! O filme O Renascimento do Parto veio até Pelotas, em duas sessões. Pouco, mas suficiente para um publico ávido que não aguentava mais esperar. 

Se fosse pra resumir numa palavra, seria INTENSO.

Não há como ficar isento, o filme mexe com nossas emoções mais profundas, mais primitivas. Chorei já  no primeiro minuto. É muito impressionante constatar que o parto se transformou mesmo num evento médico, centrado na figura do médico, onde o mesmo decide tudo, e a mulher apenas "obedece para o bem dela e do bebê". É revoltante o que está nas entrelinhas; que todas nós, mulheres modernas, temos algum "defeito" e não somos capazes de parir como nossas avós.

O atual indice assustador de 90% de cesarianas (em se tratando da rede particular) é, no mínimo, suspeito. Se cada uma tem sua justificativa médica, subtraindo as eletivas por comodismo descarado, então todas essas mulheres e seus respectivos bebês estariam condenados à morte se tivessem vivido há 50, 100 anos atrás?? 

Nossa, como chorei ao ver tantas mães sendo abatidas na mesa de cirurgia sem motivo nenhum e o pior: contra sua vontade! Tantas que sonharam em parir, que foram enganadas por seus médicos! Sim, pois quem opera uma mulher tendo como justificativa uma (ou duas, ou mais) circular de cordão está enganando a paciente.

Foram muitas as cenas que me chocaram. Como eu disse antes, não há como ficar indiferente. As emoções afloram realmente, em especial pra quem já passou pela experiência de um parto roubado.

Ao assistir o filme, me senti abraçada por tantas mulheres que passaram pela mesma situação. A cada depoimento, uma lágrima, um soluço, uma mágoa extravasada. A sensação devastadora de ter tido meu parto roubado. A tristeza por me dar conta de que, ao deixar a minha casa naquela madrugada de contrações ritmadas, eu minaria todas as minhas chances de ter um parto digno. A dor de conhecer os procedimentos aos quais meu bebê recém-nascido foi submetido.

O mais interessante foi que o filme retratou o lado de todos os personagens envolvidos: mães, médicos, doulas, parteiras. O que se constata é que, enquanto o parto for considerado um evento médico e não fisiológico, o problema vai persistir. Médico pra quem precisa de médico. Muitos partos podem ocorrer naturalmente sem intervenções. Não há justificativa para um número maior que 20% de cesarianas.

Deixei o cinema ainda mais convicta do que acredito, e agradeço de coração a oportunidade de ter assistido esse lindo filme. Ficou em mim a certeza de que não quero passar por essa vida sem viver a experiência de um parto respeitoso. Parabéns à produção por esse trabalho maravilhoso, ficou perfeito!

Aqui em Pelotas foi plantada uma sementinha. Tivemos publico na estréia do filme, inclusive mulheres que vieram de Rio Grande para prestigiar esse evento. Contamos com a presença de uma representante da Secretaria de Saúde do município. Uma idéia foi plantada e precisamos dar continuidade à campanha pelo parto humanizado. O parto é nosso! E a máfia da cesárea é apenas parte do problema.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Sobre sair da matrix e a não superação do meu não parto

Espalhando a sementinha do parto humanizado, ouço a seguinte célebre frase:

"Mas eu pensei que tu fosses a favor da cesárea, afinal tu fez cesárea."

Me senti incomodada. E toda aquela frustração pelo meu não-parto despertou de um cochilo e voltou a me atormentar. Sim, sofri uma cesárea. Não, não foi uma opção e não, não engoli essa cirurgia.

Eu culpo todo um sistema que não oferece apoio para a mulher em trabalho de parto. Eu culpo o obstetra de plantão, tão desinteressado que nem perguntou meu nome, culpo a equipe que tinha pressa, a enfermeira que, apesar de eu ter dito "não quero sorinho", ela não respeitou minha vontade. Mas também me culpo, lógico.

Me culpo por não ter tido forças pra brigar pelo meu direito de mandar no meu próprio corpo. Por não ter conseguido impôr minha vontade e não me obrigar a ficar deitada quando eu deveria me mexer pro bebê encaixar. Por ter me permitido cair nas estatísticas de violência obstétrica e desnecesáreas. Eu me culpo e sei que o meu filho e eu merecíamos mais. Passamos por um parto estressante, dolorido, abaixo de hormônios sintéticos, com cirurgia e analgésicos. Deixou uma cicatriz eterna, no corpo e na alma.

Uma vez que se sai da matrix, não há como voltar. Não há como se contentar com "nasceu de cesárea mas está bem, tem saúde, sobreviveu." Sobreviver não é o bastante, ou o fim justifica os meios? Se é possível vir ao mundo sem violência, com respeito, com os hormônios naturais que beneficiam mãe e filho, por que não?

Vejam bem, não sou contra a cesárea. Ela é só parte do problema.

Sou contra o sistema que impõe as opções parto normal violento ou cesárea eletiva. Mas quem disse que cesárea não dói?? É tão violenta quanto um normal cheio de intervenções (rompimento artificial de bolsa, episiotomia, manobra de kristeller...), e o bebê sofre muito. É arrancado no ventre sem aviso, esfregado, pesado, medido, violentado. Só depois conhece a mãe.

Me entristece saber que a forma do bebê vir a mundo agora é uma questão de escolha. Escolha pelo que melhor lhe convém, sem levar em consideração o tempo do bebê. Pressa. Pressa pra nascer, pressa pra desmamar, pressa pra andar, pressa pra desfraldar. Pressa. Vamos aonde com tanta pressa?